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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Escalando uma agulha dos diabos na Serra dos Órgãos – RJ

 
 
Agulha do Diabo 2050 m Serra dos Órgãos _ Guapimirim – RJ.
 
     Pessoal sei que demorei a fazer está postagem mas como havia esperado muitos anos para escalar esta linda agulha resolvi fazer este pôster com muita calma e buscar o máximo de detalhes e informações possíveis.
      Após este tempo todo nunca poderia imaginar que escalaria esta montanha através de um blog que havia criado a menos de um ano e foi sim pelo croquitecafriburgo que consegui realizar este sonho.  
                   Caminhada de aproximação para a base da Agulha do Diabo. 

               Depois de uma escalada na Pedra Aguda, coloquei uma foto com o traçado da via Quati e recebi um comentário do escalador Marcelo de Teresópolis, me falando que a foto havia lhe ajudado muito coisa e tal......
     Vista dos Três Picos e o Caledônia em Nova Friburgo.
 
              Continuamos trocando uns emails e descobrimos que tínhamos um sonho em comum escalar a famosa e mística Agulha do Diabo na Serra dos Órgãos, e combinamos que quando eu desembarcasse iríamos tentar escalar ela pela via normal.
Leo no platô da trilha para o mirante do inferno.
                      
         Tentamos conseguir um croqui detalhado mas não encontramos em todas as croquitecas que entravamos só encontrávamos aqueles desenhos do Salomyth, mas decidimos ir assim mesmo uma vez que a via era tranquila.
Croqui da via normal da Agulha do Diabo feito por Salomyth.
 
Agulha do Diabo vista do Mirante do Inferno.
  
            Decidimos ir no sábado dia primeiro de setembro, compramos as permissões para entrar no PNSO, mais a trilha para a agulha e o estacionamento tudo custou 32 reais e no dia 31 de agosto fui para Friburgo, minha cidade natal que fica ao lado de Terê. 
Croqui desenhado por Leonardo Amorim da via normal da Agulha do Diabo
3 III + C E2 D4  
 
           Não consegui dormi naquela noite de tanta ansiedade e as quatro e meia da matina pulei da cama tomei uma dose de Jak 3D com um copo duplo de café e borá dirigir até o parque nacional da Serra dos Órgãos. A noite estava linda com uma lua cheia alucinante que anunciava que os deuses das montanhas iriam nos abençoar com um dia lindo
Léo na primeira enfiada da via normal da Agulha do Diabo
    
           Cheguei as 6 horas da manhã na portaria do parque como não conhecia o Marcelo, fui perguntar aos guarda parque se já havia entrado alguém no parque e neste meio tempo o Marcelo, veio e se apresentou nos cumprimentamos pegamos as autorizações para entramos no parque e lá fomos nós.  
 
Léo na P-1 da via normal.
 
           Estacionamos os caros rearmamos as mochilas e começamos a caminhar a passos largos pois a caminhada para a agulha leva cerca de 3 a 4 horas de subida.
Marcelo e a segunda cordada na base da via normal e o famoso grampo charuto.





Começamos subindo pela trilha da Pedra do Sino e não paramos de conversar e nos conhecermos durante toda a subida que tem um visual maravilhoso dos Três Picos em Nova Friburgo e da Serra dos Órgãos.

 Léo guinado o lance das fendas na terceira enfiada.
 
Após passarmos pelos abrigos 1,2 pegamos a trilha para o abrigo 3 onde há um ponto de coleta de água e lugar para acampar, encontramos dois escaladores do Rio de Janeiro, que também iriam tentar escalar a agulha pela rota normal. Pensando em evitar um engarrafamento apertamos o passo para entrar na via primeiro.  
                                         Marcelo na travessia da terceira enfiada.

          Pegamos a trilha para o mirante do inferno onde pude ter uma visão melhor da Serra dos Órgãos, dava pra ver a Verruga do Frade, Morro do São João, Pedra das Cruzes e até a pontinha da Agulha do Diabo. Mais a frente começamos a descer o Vale da Geladeira, uma grota de um leito de um rio seco que fiquei sabendo que era a nascente do rio Paquequer     
 
Léo guiando a primeira chaminé.





          Neste ponto já era possível ver a Agulha do Diabo se destacando no meio do vale soberana e muito hipnotizante se é que entendem...........
Em fim chegamos no pé da agulha para muitos a escalada já começava ali pois neste ponto começa os costões entre trepa mato e rocha molhada. 

 
Léo chegando no final da primeira chaminé.
 
          Fomos subindo mais devagar com cuidado para não escorregar, passamos por uma caverna apertada mais alguns minutos e estávamos na base da via normal da Agulha do Diabo, nem conseguia segurar a emoção de estar ai sentindo aquela vaibe.
       Não tínhamos tempo a perder pois a segunda cordada já se aproximava e queríamos entrar primeiro na via.   
Léo analisando o lance do cavalinho.
  
       Bebemos uma água umas frutas nos equipamos e quando comecei a guiar a primeira enfiada a segunda cordada chegou na base.  A via começa com um sistema de fendas bem largas e abaloadas protegidas com grampos de ½”, é aconselhável levar alguns friends médios para melhorar as proteções apesar de não ser imprescindível.
                               O final do lance do cavalinho antes da chaminé da unha.

         Fui subindo e tive uma surpresa engraçada dei de cara com um grampo tipo charuto que só havia visto no parque de Furnas, em Friburgo no Pico do Charuto que levou este nome devido aos grampos charutos usados na sua conquista na década de 50 onde os conquistadores colocavam bambus para ganhar altura e progredir mas isto já é uma outra história.
 
Marcelo e Léo na segunda  chaminé.
  
           Armei a primeira parada e recolhi o Marcelo, que subiu bem rápido e logo eu já estava levando a segunda enfiada seguindo por umas fendas em diagonal para direita aconselho subir com os pés nela e depois descer um pouco para o platô onde tem que contornar uma arvore e subir um trepa mato até chegar na segunda parada dupla da via.
Léo após pegar o primeiro grampo da segunda chaminé.
 
                A terceira enfiada é bem maneira uma sequencia de fendas também protegidas com grampos e em seguida uma grande diagonal para a esquerda chegando na terceira parada dupla da via.
               Apesar de fazermos a caminhada a todo vapor na escalada fomos bem devagar curtindo a paisagem a via e como tivemos uma grande dificuldade em conseguir um croqui detalhado da via subi fazendo um croqui e tirando fotos de cada enfiada para poder mais tarde na confecção do croqui colocar bastantes detalhes da rota normal.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 
Léo já com as costas viradas para a parede da direita para pegar o segundo grampo da chaminé da unha parte mais exposta da via.
 
        Da P-3 para P-4 tem que fazer um trepa mato numa trilhazinha que tem uma bifurcação onde tem que seguir pela direita neste ponto tem que passar por uma caverninha para chegar na base da primeira chaminé da via.
       Neste mesmo ponto da para ver a via do Diabinho, que é toda em cabo de aço. A quarta parada na verdade é feita em uma árvore ou pode ficar dando segue de dentro da primeira chaminé, pois ela é bem larga.
 
 Léo no final da chaminé da unha.
 
         Na primeira chaminé você tem que ir até o final e passar entre duas pedras e seguir subindo nas pedras entaladas dentro da mesma até uma pedra que parece uma estalactite entalada no final da chaminé, dali já da para ver a sequencia de dois grampos e a parada dupla da P-5.
        Neste ponto fica o grande platô de mato da unha da agulha que tem que ser contornado chegando no famoso lance do cavalinho. Também ali tem uma placa do C.E.P.I em homenagem aos conquistadores de 1941. Neste ponto já é possível ter uma visão mais ampla das montanhas ao redor, da baixada fluminense e  Rio de Janeiro.

                     Léo chegando no platô da unha: Foto Vitor Rioxtreme.
 
Seguimos uma dica de um escalador de 70 anos que falou com Marcelo, para entrarmos no lance do cavalinho com a perna direita ficando de costas na laca e barriga para cima. realmente esta dica foi muito boa pois o lance feito com a mão na laca é bem mais difícil e a entrada da chaminé mais complicada.
                                                          Marcelo na segunda chaminé.
 
          Segui me arrastando cavalinho a dentro e entrei na segunda chaminé que é bem mais apertada que a primeira mais uma dica coloque todos os equipos que estiver no réque da cadeirinha do lado esquerdo assim vai evitar ficar entalado ou danificar os mesmo. Sem dúvida a saída do chão da chaminé da unha é a parte mais difícil de toda a via.
Marcelo costurando uma chapeleta relíquia.  
 
         A chaminé tem a penas dois grampos e a segunda parte também é a mais exposta de toda a via, mais uma dica após pegar o primeiro grampo vire com as costas para a parede da direita fica mais fácil para pegar o segundo grampo que esta um pouco longe e as agarras na parede da esquerda vão ajudar bastante.
Vista do Garrafão e da Agulha do Diabo do cume do São João: Foto Vitor Rioxtreme.
 
 Deste ponto já da para ver o cabo de aço e a parada dupla da P-6 que fica no platô da unha. Quando cheguei nesta parada pude ver a segunda cordada no platô da base  da unha e alguns montanhista chegando no cume do Morro do São João, fiz um contato com eles pedindo para sacarem umas fotos nossas e deixarem o email na sede do parque para fazermos contato e trocarmos as fotos.  
              Marcelo no platô da unha e Léo no início do cabo de aço: Foto Vitor Rioxtreme.
 
              Recolhi o Marcelo, e logo estávamos os dois no pequeno platô da unha onde começa o último lance da via. Esta enfiada é toda feita em cabo de aço também fiquei impressionado com uma chapeleta antiga acredito que da década de 60 realmente uma relíquia.
                                                      Marcelo no platô da unha.
 
Estava ansioso para chegar no cume e comecei a me pendurar no cabo de aço que é preso por 5 grampos tem que ter muito cuidado nesta parte e é aconselhável fazer o lance com duas solteiras já que os clipes que prendem o cabo dificultam a colocação das costuras nos grampos. Venci o último lance mais em pé e não pude acreditar que estava tocando o cume da famosa Agulha do Diabo.
  Léo e Marcelo na última enfiada da via: Foto Vitor Rioxtreme.
 
Cheguei no cume às 14 horas foi realmente excitante aqueles poucos momentos que fiquei ali sozinho naquele minúsculo cume.
            Lembrei logo da primeira vez que vi um documentário de dois escaladores que dormiram no cume da agulha, eles passaram um perrengue para armar uma pequena barraca naquele pequeno cume.
            Na filmagem deu para perceber que era realmente pequeno mas quando eu estava lá é que pude perceber o perrengue que passaram e fiquei imaginando como fizeram para prender a barraca??????
 
Léo nos últimos lances do cabo de aço.
 
         Foi um momento de paz só eu as montanha aquela vista linda só voltei a realidade quando Marcelo, já aos prantos gritando para eu recolher a corda que ele estava subindo.
          Recolhi a corda armei uma segue e pronto agora sim estávamos os dois no cume felizes pela conquista.
Os deuses das montanhas haviam nos proporcionado um belo dia de aventura e visual.
        Abri a pequena urna onde fica o livro de cume fizemos nossas declarações assinamos nossos nomes na história daquela maravilhosa montanha e após comermos, bebermos e sacarmos muitas fotos chegou a hora de descermos pois a segunda cordada já estava no platô da unha esperando que descêssemos para eles poderem ir ao cume
 
Léo e Marcelo quase no cume da Agulha do Diabo: Foto Vitor Rioxtreme.

          Armei o rapel e nos encontramos no topo da unha sacamos umas fotos armamos o segundo rapel e quando eu cheguei na base da unha pude ver a segunda cordada chegando no cume foi incrível o visual. Parece que o escalador não vai conseguir ficar de pé naquela minúscula pontinha de rocha.
             Seguimos rapelando agora pela parte de fora da primeira chaminé que é mais delicada e logo estávamos fazendo a trilha da caverninha de volta para a P-3.
            Nesta descida tem que se tomar muito cuidado pois um escorregão ali e babau montanha abaixo.
             Armamos mais este rapel que corta a P-2 e cai direto na P-1, dali foi só mais um e chegamos na base da via normal novamente, realmente o rapel foi mais tranquilo que eu imaginava.  
 
Léo já quase no cume da agulha.
 
Sem perder tempo guardamos toda a parafernália de equipos e começamos a descer pois já era quase quatro da tarde e pegar noite na trilha era inevitável.
        Seguimos descendo até o vale da geladeira que agora ao invés de descermos tivemos que subir e nos custou muito tempo até voltarmos a descer novamente no mirante do inferno que para nossa surpresa quando chegamos no abrigo 3 encontramos os montanhistas que estavam no São João.
Léo a poucos metros do cume.
 
Conheci o Vitor, que tem uma agência de turismo de aventura no Rio de Janeiro a Rioxtreme.
          Sem perder tempo trocamos contato e continuamos montanha abaixo conseguimos chegar na trilha do Sino ainda na penumbra pois esta parte da caminhada tem uma trilha mais definida e aberta mais como já sabíamos a noite nos apanhou faltando ainda mais de duas horas de caminhada.  
Último lance de cabo de aço.
 
         Agora era só relaxar colocar as head lamps e continuar descendo sem pressa, novamente fui abençoado pela lua cheia e o visual das luzes da cidade de Terê.
        Chegamos na barragem onde estavam nossos carros quase às 8 horas exaustos mais super felizes pela escalada da agulha e pela mais nova amizade que havíamos feito. 
                                                       Leo finalizando o últomo lance.
Um pouco de história.

  A conquista da Agulha do Diabo - PNSO -1941.

       Palmas ecoam da Pedra de São João, de onde três companheiros observam o desenrolar da conquista.
      Manhã de 20 de Junho de 1941. Giuseppe Toselli começa a deslizar pelo musgo traiçoeiro e pede aos companheiros auxilio da corda. Cautelosamente, retrocede até o grampo anterior, firmando o pé.
      São 11:10 hs. Sem se intimidar, inicia então a perfuração da rocha para fixar mais um grampo, sem o qual seria impossível vencer a última etapa.
Leonardo Amorim no cume da Agulha do Diabo 2050 m: Foto Vitor Rioxtrem.
 




          Feito o orifício, Toselli não se detém para cravar o grampo e, apoiado na própria broca, parte para o lance final, atingindo o estreito cume da Agulha do Diabo às 11:35 hs.
          Palmas ecoam da Pedra de São João, de onde três companheiros observam o desenrolar da conquista. A seguir, sobem os outros integrantes da cordada: Roberto Menezes de Oliveira e Almy Ulysséa.

Léo no cume da agulha às 14 horas em ponto em 1 de setembro de 2012: Foto Vitor Rioxtreme.
 
Abraçam-se emocionados e fincam no vértice do rochedo a bandeira brasileira e a flâmula do CEB. Estava
vencido o colosso de granito!
 
       A história, entretanto, começou cerca de três anos antes, quando Almy Ulysséa se deparou com fotografias da Serra dos Órgãos num exemplar de uma revista.
             Léo no cume da agulha e Marcelo ainda no platô da unha: Foto Vitor Rioxtreme.
 
Entre as fotos destacava-se a do "Penhasco Fantasma", tal como era conhecida a Agulha na época. Almy encantou-se pela montanha de 2.050 metros de altitude.
     Acompanhado por Günther Buchheister, Raul Fioratti e Giuseppe Toselli, passou a empreender uma série de explorações na região.
Léo e Marcelo no cume da agulha. 
 
Subiram a Pedra de São João, depois a de São Pedro, estudando as possibilidades de aproximação. Finalmente concluíram que um acesso viável seria pelo colo entre estas duas pedras, margeando o Mirante do Inferno. Por ali, o inseparável grupo chegou à base da escalada e outras explorações se sucederam. 
Léo no cume com a urna que guarda o livro de cume.
 
       Em 24 e 25 de agosto de 1940, numa investida feita por Toselli, desta vez acompanhado por Edmundo Braga e Antônio Samarão o platô da Agulha foi atingido e dois lances foram equipados com cabo de aço visando agilizar as próximas tentativas.
Vista do cume da Agulha do Diabo com o São João em destaque.
 
      Duas semanas depois, em 7 e 8 de setembro, Toselli, Günther e Fioratti venceram a fissura horizontal situada após o platô, subiram a Chaminé da Unha e fixaram um grampo no seu final.
Léo no primeiro rapel.
 
       Os meses se passaram, chegou o ano de 1941. Günther e Fioratti encontravam-se afastados do grupo devido a compromissos pessoais, porém Toselli e Almy continuaram o trabalho de conquista.
Marcelo no rapel da unha .
 
      No mês de Junho empreenderam três investidas em fins de semana consecutivos, sendo que na terceira Roberto Menezes, foi convidado a anexar-se ao grupo. Concluíram que com mais uma investida chegariam ao cume.
                            Eu com a placa do C.E.P.I em homenagem aos conquistadores de 1941.
 
       De fato, no quarto fim de semana, em 29 de junho, Toselli, Almy e Roberto partiram para o ataque decisivo e completaram com êxito a conquista do penhasco, trazendo para o CEB um dos sucessos mais notáveis do montanhismo brasileiro.  
                       Léo na descida para a P-3 com o Pico do Diabinho ao fundo.
 
                   A Agulha é, ainda hoje, um grande desafio, mesmo para os mais experientes alpinistas.

       Uma curiosidade: a denominação "Agulha do Diabo" surgiu de uma proposta de Günther Buchheister, ao constatar que onde existe Santo Antônio, São João, São Pedro, Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora, Frade, Sino, Órgãos e Cruz, a presença do Diabo deve estar concretizada na forma daquela desafiadora Agulha ...
Fonte: Boletim do Centro Excursionista Brasileiro - CEB de junho de 1991.
 
 Final de tarde no Vale da Geladeira.
 



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