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Bolívia.


BOLÍVIA - Escalada em Solitário do Hayna Potoci - 6088 m.





Hayna Potoci a esquerda e o Charquine a direita visto da cidade de La Paz - Bolívia.










Traçado da rota normal do Hayna Potoci.


Leonardo Amorim no cume do Hayna Potoci - Bolívia em 2000.




























BOLÍVIA- Tentativa de escalada do Ilimani.










Léo no famoso Trem da Morte que liga as cidades de Porto Quijaro e Santa Cruz de La Sierra na Bolívia.







Torre de Chochis vista do Trem da Morte. 

Léo na caminhada de aproximação do Illimane.



























BOLÍVIA- ESCALADA DO CHARQUINE.























Léo no cume do Charquine - Bolívia.




Hayna Potoci visto do cume do Charquine.




BOLÍVIA - ESCALADA DO PILAR CHOCHIS.



                              Torre de Chochis Santa Cruz de la Sierra - Bolívia.

Fala galera do climb tudo na divina paz! Estou aqui escrevendo para vocês novamente de um hotel às  4:38 da madura em Campo Grande M.S.  Após  ter minha carteira roubada no aeroporto de Brasília, com minha grana toda da viagem além de documentos e cartões mais fazer  o que dei mole agora é  bola pra frente. Sei que tava devendo uma postagem bacana para vocês que curtem o blog e as dicas de escaladas  que colocamos nele, e foi pensando  nisso que resolvi já  à  algum tempo escalar a torre de arenito vermelho do vilarejo  de Chochis na Bolívia.

Eu pegando a van para Roboré.

O  lugar é lindo no meio do trajeto do famoso Trem da Morte que vai de Porto Quijarro até a cidade de Santa Cruz de La Sierra, todo o trajeto remete a um cenário oriental mais no meio da América do Sul. Meu fascínio por está região não vem de agora, mas estive por estas bandas em 2001, quando com mais dois amigos fomos de ônibus de Nova Friburgo até a cidade de Huaraz, no Peru para escalar o Alpamyo.

A Torre de Chochis e outras montanhas vistas de dentro da van na estrada que liga Porto Quijarro a Santa Cruz de la Sierra.

Levamos 10 dias de viagem e no terceiro dia pudemos ver da janela do Trem da Morte a imponente torre de Chochis, destacando-se  no meio do vale com suas paredes vermelhas, dava para ver que tratava-se  de um arenito bem quebradiço e perigoso. Lembro que ficamos fazendo alguns planos como voltar ali um dia para escalar aquela torre alucinante que lembrava as montanhas do Mountain Váli no deserto do Arizona nos Estados Unidos ou quem sabe um dia volta para abrimos a primeira via daquele lugar e nos consagrarmos como os primeiros a tocar aquele cume ?.....

Entrada do vilarejo de Chochis.


Bom não  nos consagramos os conquistadores da torre de Chochis, mais para minha surpresa e felicidade neste ano navegando no portal Alta Montanha, li uma matéria sobre a conquista da torre de Chochis  e para minha surpresa foi a primeira rota a ser aberta naquela montanha e por um Brasileiro com um Argentino e  mais dois Bolivianos, fiquei em êxtase com aquela notícia que não saiu mas da minha cabeça. Assim que acabei de ler aquele relato sobre a via Fúria del Viento, nome dado pela equipe, fiz um contato com o alpinista Leonardo Juliano Mangano, pedindo mais informações sobre a conquista de Chochis . O Léo respondeu e comecei a trocar emails com o mesmo em buscas de informações para escalar naquela região. Traçando o destino agora era só esperar as férias  chegarem, desenrolar um permiço com a patroa, encher o hall bag  de equipos e pegar o Trem da Morte novamente.


                                 Eu no início da estrada que da acesso ao santuário de Chochis.


Depois de todo estresse de ter a carteira furtada  tive sorte em estar com meu passaporte que havia     acabado de pegar  no consulado dos Estados Unidos e também tinha uma grana no bolso que tinha tirado  no Plaza, antes de embarcar. Já  puto da vida resolvi me acalmar e fazer uma reserva em um hotel em Corumbá  e pedir para  Cacau, depositar uma grana na conta do hotel e continuar a viagem toda está apuração  me custou um dia de escalada  acho que isto foi pior do que a grana que havia  perdido.

Eu na caminhada para o santuário de Chochis.

Para minha sorte consegui fazer uma reserve no hotel City, e o gerente aceitou fazer o depósito da grana em sua conta e retirar para mim, uma noticia boa mas seguida de uma ruim assim que cheguei fiquei sabendo que a fronteira do Brasil com a Bolívia estava fechada devido a um censo e só reabriria no dia seguinte resultado mais um dia de escalada perdido. Diante da situação aproveitei para conhecer um pouco de Corumbá, cidade que já havia passado algumas vezes mas nunca com calma, fui até a parte histórica da cidade que fica na beira do rio, onde tem alguns casarões antigos e o museu da cidade. No dia seguinte logo pela manha consegui uma carona com o gerente do hotel que estava indo para porto Quijarro na Bolívia, cidade onde se pega o famoso Trem da Morte.


     Local onde armei meu acampamento na primeira noite no santuário.


Logo que cheguei na fronteira fiquei impressionado como que em onze anos não havia mudado nada naquele local parecia que eu estava voltando há 2001 realmente estava tudo igual e a mesma zona na entrada e saída dos dois países. Como era sete da manhã e a fronteira só abria as oito para carimbar o passaporte com a permissão de entrada na Bolívia, e eu estava de carona resolvi entrar clandestinamente mesmo e vazar o mais rápido para Chochis pois estava com um dia de atraso no meu cronograma e assim fui. Não ha casas de cambio na fronteira você tem que cambiar dinheiro com os coroas que ficam em pontos estratégicos nas ruas com umas bolsas ou pastas e foi o que eu fiz, o cambio estava 3.5 bolivianos para 1 real.

    Estatua de Sam Jose olhando as montanhas e a torre ao fundo.

O gerente também me deu uma dica ótima que me fez ganhar muito tempo ao invés de eu pegar o trem que só sairia as 13:30  pegar uma van para Roboré, e de lá uma outra para Chochis e novamente foi o que eu fiz. Fiquei feliz por ter esta opção pois quanto estive em Quijarro em 2001 só tinha a opção de ir de trem a estrada para Santa Cruz, estava sendo construída ainda mas agora eu acredito que o turismo e a vida das pessoas daquela região irá melhorar com a abertura desta estrada. Peguei a van para Roboré, e após alguns minutos de viagem quando estava passando por Sam Jose, a van parou em uma espécie de posto de controle ou sei lá o que era aquilo só sei que o policial ao me ver na van o único sem cara de boliviano veio logo me pedindo os documentos e como eu não tinha carimbado na fronteira pensei Fudeu.....


   Eu e Odisverth Kazunari no santuário indo encordar a primeira parte da via Fúria Del Viento.

Ele abriu aquele sorosinho maroto e mandou eu descer da van, bom como estava na America do Sul  já pensei logo vai querer uma cervejinha? Dito e feito o cara veio com aquela conversa sabe como eres nosotro no queremos prejudicalo todos somos hermanos é só deixar una pequena contribuisione que estas biem kkkkkkkkk.... Resultado morri em 50 bolivianos e continuei a viagem. Assim que cheguei em Roboré,  tive que esperar algumas horas até a van que ia para Chochis sair e conheci uma figura que era brasiboliviano, ocara era brasileiro mas insistia em falar em espanhol ou portunhol acabei tomando umas Pacenhas, cerveja Boliviana com alto teor de álcool e o cara ficava colocando umas musicas Mexicanas todo tempo, só sei que sai dali doidão entrei na van para Chochis rindo atoa daquela figura.


Torre de Chochis vista da caminhada para base da via.

De Roboré, para Chochis levei uns trinta ou quarenta minutos e quando estava quase chegando pude ver pelo vidro da van a Torre de Chochis pela segunda vez em minha vida, da estrada ela parecia uma montanha realmente mágica não dava para entender como aquele pedaço de rocha foi parar ali levando em conta que havia uma muralha de arenito atrás dela, mas realmente ela era imponente naquela paisagem e se destacava. Assim que saltei da van na estrada com aquele hall bag enorme pensei ferrou agora vou ter que caminha até a base com todo este peso. Como nunca havia estado ali antes fiquei meio confuso por sorte passou uma caminhonete e dei sinal para parar e pensei vou dar uma grana para este cara me levar até o santuário mas ele acabou não me cobrando nada e me deixou no inicio da estrada que dava acesso ao santuário de Chochis.





                         Croqui detalhado da via Fúria Del Viento Feito por Leonardo Amorim.


Naquela altura já dava para ter uma vista linda da torre que agora mostrava suas paredes de arenito avermelhado e já dava para sentir toda sua vaibe realmente o lugar é mágico. Fiquei ali na entrada da estrada me arrumando e esperando uma caroninha mas como não passava ninguém resolvi sacar os bastões de caminhada e começar a andar pois não via a hora de tocar naquela montanha e sentir toda sua energia.


                      Croqui da via Fúria Del Viento feito por Leonardo Juliano Mangao.
                       Fonte: Leonardo Juliano Mangano.

Fui caminhando em direção ao santuário por uma estrada toda feita com o mesmo arenito vermelho da torre bem bacana, cruzei os trilhos da ferrovia do Trem da Morte e continuei subindo todo o trajeto deu uns 25 minutos e quando cheguei no santuário de Chochis fiquei ainda  mais impressionado com o lugar pois o santuário era bem bonito com um gramado super verde onde foi construído uma igreja toda de arenito vermelho.  Tinha mais outras duas formações rochosas uma com uma cruz no topo e a outra com uma estátua de Sam Jose. Logo que Cheguei fui recepcionado pela dona Rosa, que vive e toma conta do santuário de Chochis, ela muito simpática e hospitaleira como todo Boliviano.

Eu porteando equipamentos e água para a base da via.

Dona Rosa, me informou que eu podia acampar onde achasse melhor que o camping era voluntario ou seja não tem um valor estabelecido e que ela fornecia almoço e janta por um preço bem bacana. Ela também me falou dos alpinistas que escalaram a torre e que deram um curso de escalada para o pessoal de Chochis. Falei que conhecia o Leonardo um dos conquistadores e perguntei se ela conhecia alguém que poderia escalar comigo, e ela me informou que seu filho tinha feito o curso e sabia onde ficava a via que o Leonardo havia feito.
     Eu na P-1 da via com o vale de Chochis a o fundo.
Logo pensei vou armar meu acampamento dar uma explorada na montanha para tentar achar a via e amanha desço até o vilarejo de Chochis, para entrar em contato com o filho dela para tentar fechar uma cordada.  Armei minha barraca de frente para a torre debaixo de uma árvore dava para deitar e ficar viajando naquela montanha linda mas como meu tempo era curto joguei tudo dentro da barraca, arrumei uma mochila com meus equipos e fui explorar a região, tinha a intenção de abrir umas vias esportivas nas duas formações menores do santuário mas tive uma surpresa desanimadora.

                       Eu na fenda do crux da via Fúria del Viento.

Fui subindo as escadas do santuário e fiquei impressionado com a qualidade da trilha, era toda trabalhada com pedras e escadas de madeiras e em menos de 7 minutos estava tocando a torre de Chochis pela primeira vez.  Dei um abraço na montanha e pedi uma benção para minha escalada foi uma troca de energia boa. Continuei dando a volta na montanha a procura da via Fúria Del Viento, mais não achei o que eu achei foi inúmeras fendas e linhas alucinantes para abrir novas vias o potencial do lugar e enorme e ira virar destino certo de toda comunidade de escaladores do mundo "podem escrever estas palavras...." Dei a volta na montanha e não encontrei a base da via só encontrei uma outra estatua de Sam Jose, e voltei para tentar abrir umas vias esportivas nas pedras do santuário. Fui até a pedra onde tem uma estatua de Sam Jose, para sacar umas fotos e analisar suas paredes que eram alucinantes mas tive uma surpresa desagradável a rocha era simplesmente esfarelenta e podre de mais.

  Eu no dia seguinte me preparando para jumarear as cordas fixas desta vez em solitário.
Uma pena pois ia dar umas vias esportivas bem visuais, desci e parti para a pedra do santuário que parecia mais consistente subi por uma escada talhada na pedra até a cruz no seu topo armei um rapel na base da cruz com o maior respeito, desci até a borda onde pretendia abrir a via mas novamente me deparei com uma rocha totalmente podre o arenito era da pior qualidade.  Fiquei muito triste pois queria dar uma contribuição para o desenvolvimento da escalada esportiva em Chochis que só conta com uma via tradicional até o momento.


    Léo na P-2 e o início da Terceira enfiada da via Fúria Del Viento.

Depois desta decepção só me restou ver o por do sol de cima da pedra do santuário antes de voltar para minha barraca e esperar o dia seguinte para descer até o vilarejo de Chochis, para fazer contato com o filho de dona Rosa, na esperanças de ele fechar uma cordada comigo naquela altura estava disposto a escalar a torre em solitário precisava apenas saber onde ficava a via e foi o que acabou rolando.


    Eu na P-3 com o Trem da Morte passando ao fundo.


Acordei bem cedo e por sorte consegui uma carona até a casa do filho de dona Rosa, em Chochis. Foi a primeira vez que estava vendo o vilarejo de perto e fiquei um pouco impressionado com a desigualdade social que temos na America do Sul e principalmente na Bolívia, um lugar rico de natureza mas com um povo que passa dificuldades e não tem acesso a muitas coisas e mesmo assim são felizes. Cheguei na casa do  filho de dona Rosa, bem cedo ele não entendeu muito bem o que eu estava fazendo em sua porta mas logo fui explicando minhas intenções de escalar a torre e que era amigo do Leonardo, que tinha ministrado o curso de escalada, para minha sorte o Odisverth Kazunari era um cara bem maneiro e ele só falava você é louco vai tentar subir a torre solo estas maluco ...... kkkkk......


Eu chegando na cova da P-4.


Logo ficamos amigos ele me convidou para tomar um café com sua família no quintal de sua casa aceitei é claro pois tinha saído cedo e estava com fome, ele vivia em uma casa de um cômodo só com sua esposa e filha. Durante o café pudemos nos conhecer um pouco mais e ele me contou que trabalhava como guarda parque na região de Chochis que há algum tempo tinha virado um parque nacional mas o problema era que os recursos da cidade de Santa Cruz  nunca chagavam.

   Eu na cova da  P-4 esperando uma chuvinha passar para continuar a escalada.


Ele e seus companheiros estavam construindo um mirante perto de uma cachoeira que tinha uma vista privilegiada da torre e do vale de Chochis e que estavam mapeando as trilhas da região. Assim como eles eu também acreditava que somente o turismo iria tirar aquelas pessoas da pobreza e que agora com a estrada aberta o turismo ia deslanchar na região, bem papo vai papo vem perguntei a ele se teria como me mostrar onde ficava a base da via do Leonardo, e ele foi categórico posso televar até a primeira reunião da via mas dali pra frente eu não vou não kkkkkk.


Eu nos últimos lances da via 


Tudo pronto começamos nossa caminhada de volta para o santuário pelos trilhos da ferrovia para cortar caminho e subimos por uma trilha que eu não conhecia, outra coisa ter um guia local. Assim que chegamos arrumei a mochila e o hall bag o mas rápido que pude tomando cuidado para não esquecer nada. Tiramos umas fotos e começamos nossa subida para base da via o tempo não estava nada animador muitas nuvens e dava para ver uma chuva bem no final do vale o que nos fez apertar o passo. Meu objetivo era encordar até a P-2 da via que é a parte mais difícil com uma fenda meio negativa que fica mais larga no final como se fosse um offwhit, terminado em um platô.  Pretendia deixar duas corda fixa e um estoque de água e equipos para tentar fazer toda via no dia seguinte. Quando Odisverth, parou e disse aqui é a base da via eu não entendi nada, não dava para ver a linha direito e nenhum grampo pois a via começa subindo uns blocos jogando para a direita é bem fácil mas havia passado ali duas vezes parado no mesmo local por alguns minutos e nem imaginava que era ali, mas estava feliz por ter achado a via.

Eu quase no cume e o cume logo ali.


Começamos a nos equipar bem rápido pois a chuva era eminente e estava cada vez mais perto, tudo pronto fui subindo os blocos de tênis mesmo para ganhar tempo e rapidamente cheguei na P-1 da via agora sim dava para ver a linha da via, recolhi Odisverth, que estava com o hall bag nas costas e armamos a parada peguei todos meus equipos móves que havia levado e continuei subindo o mas rápido que pude, à esta altura já dava para sentir a chuva no meu cangote. Agora de sapatilha deva para ir mais rápido mas o arenito de Chochis não transmite muita segurança e tinha que testar as agarras antes de colocar pressão nelas, peguei uma chapa que estava solta no início da fenda do crux e comecei a sacar os friends, fui subindo meio que em livre e meio em artificial para ganhar tempo.


    O santuário de Chochis visto do cume.

 A fenda era alucinante muito bonita e para minha sorte mais consistente mas quando estava no meio da segunda enfiada a chuva chegou mas como o próprio nome da via já dizia Fúria Del Viento o mesmo estava furioso e como tinha uma espécie de diedro a minha esquerda a chuva não estava me molhando e nem a fenda que sorte a minha mas Odisverth, não teve a mesma sorte estava desprotegido e tomando um bom banho.

                      Como eu encontrei o cume da torre de Chochis na Bolívia.


Continuei subindo agora em artificial com medo de começar a molhar a fenda e quando cheguei no crux da via no offwhit, tive que ir com mais cautela o lance é bem esquisito tem que ir se entalando e como estava com muitos equipamentos na cintura e na bandoleira foi bem difícil mas consegui passar e completar o lance com pena do meu companheiro que estava ensopado fixei as cordas puxei o hall bag ajeitei o platô e comecei a rapelar debaixo de um toro, para nossa sorte as duas cordas foram até a base da via e saímos rápido da montanha.

Eu no cume com a caixa azul do livro de cume na mão.

Missão cumprida desci novamente para Chochis, para dar sinal de via a minha família  que não tinha notícias minhas a dois dias por sorte tinha uma lan house em Chochis, na verdade a única e lá fui eu  aproveitei para postar umas fotos no face book e antes de anoitecer já estava caminhando sozinho pela ferrovia novamente. Desta vez dona Rosa, havia deixado eu acampar dentro do refugio devido o mau tempo, cheguei morto comi e dormi  pois queria acordar bem cedo para jumarear as cordas fixas e tentar cume.

    Eu no cume da torre de Chochis com o vale ao fundo dia 24/11/2012.

Acordei as cinco da matina e para minha decepção estava  caindo um dilúvio lá fora pensei fudeo..... se não subir hoje  vai babar pois amanha tenho que ir embora até as quatro da tarde e se o tempo não melhorar já era, voltei para o saco de dormi fiquei monitorando a chuva e as oito da manha quando ela parou joguei a mochila nas costas e subi a trilha em disparada ainda com alguns chuviscos na cara mas estava disposto a jumarerar as cordas fixas e esperar por uma janela de tempo bom e novamente foi o que eu fiz. 


O vilarejo de Chochis vistos do cume com a ferrovia a esquerda e a estrada a direita e no meio a estrada que da acesso ao santuário.
Jumareei as cordas fixas até o platô recolhi as cordas comecei a me equipar para continuar escalando só que desta vez era só eu a montanha e deus, o tempo estava melhor  e a parede mais seca. Fui subindo a terceira enfiada em artificial que começa numa fenda muito boa e pega uma sequencia de fissuras e agarras esta enfiada é toda em móvel cheguei na P-3 e pensei beleza agora é só mais duas paradas e jogar pro cume.


    Montanhas do vale de Chochis vistas do cume da torre.

Como estava sozinho tinha que fazer todo o trabalho e como não queria ter que rapelar para limpar a via ia sacando os friends que ia colocando e abandonando as peças passivas e fui subindo com as duas cordas. Tudo ajeitado dei início o mas rápido que pude na quarta enfiada pois o tempo estava piorando e já dava para sentir o vento gelado da chuva chegando. Neste ponto fiquei meio confuso pois o croqui que eu tinha só tinha o traçado da via ele não era detalhado e fiquei em dúvida se jogava para um platô num penhasco a direita ou subia por uma fenda suja, por sorte vi um cordelete com uma espécie de gancho fifi abandonado e deduzi que a via passava por ali e fui subindo a fenda suja e pude ver um pitom e a cova da P-4 que foi um alívio chegar nela pois tinha começado a chover forte novamente e pensei e agora só tenho esta chance se for o caso vou dormi aqui mesmo e terminar a via amanha cedo e volto para o Brasil, atarde.


     Eu no cume no meio da mosquitada.

Fiquei ali um bom tempo até a chuva passar e a parede secar para dar continuidade a escalada pois estava determinado a fazer cume naquele dia, e para minha surpresa o lance seguinte da saída da caverna foi o mais adrenante de fazer em solitário.  Protegi o lance com dois friends e um Cam numero 6 meio que só para dar um psicológico pois nesta parte da via tem que sair da fenda e fazer um lance em livre para dominar um platô e com aquelas agarrinhas de arenito podre fiquei com o cú na mão literalmente, mas fui subindo testando as agarras e consegui dominar o platô pensei agora vou até o cume haja o que houver pela frente.


Eu no refúgio após a escalada secando os equipos.
  

Equalizei uns friends e limpei o lance da cova e prossegui por uma espécie de chaminé mas dava para fazer andando e se entalando, dominei mais um platô onde tinha uma proteção em uma corda abandonada polos conquistadores e cheguei na P-5 a última parda dupla da via só que junto comigo veio mais uma chuva que caiu mais intensamente todo o vale sumiu ficou tudo branco mas pensei agora é só jogar pro cume falta muito pouco. Fiquei abrigado sentado encima das cordas e quando ela passou dei continuidade a escalada mais uma vez.


Eu no dia seguinte na missão de desgarrar as cordas na P-2.



A inclinação havia caído muito e dava para seguir de tênis fui subindo até achar uma chaminé que subi e dei de cara com um platô onde tem uma caverna muito doida na parede e dava para ver o cume, estava muito perto segui num trepa espinho que recomendo fazer de calça eu estava de bermuda e me ferrei. Mais algumas rampas um costãozinho e já dava para ver o cucuruto do cume da torre fiquei em êxtase, andei mais um pouco e pude ver o santuário lá embaixo parei para sacar umas fotos antes do cume e sem perder mais tempo toquei o cume da torre de Chochis, me tornando o quarto ser humano no topo daquela montanha linda.


Eu no refúgio secando as cordas e arrumando minhas tralhas para meter o pé. 

Os deuses das montanhas haviam espantado as nuvens e pude ter uma vista alucinante das montanhas ao redor da torre e do vilarejo de Chochis, saquei muitas fotos  peguei a caixa azul com o livro de cume e deixei meu depoimento e minha assinatura da primeira repetição da via Fúria Del Viento e primeira escalada em solitário da torre. Fiquei dando uns gritos de hoohoooo!!!! no cume para a galera que estava no santuário que me responderam e eu acredito que eles nem deviam estar acreditando que tinha subido sozinho e com aquele tempo horrível. Infelizmente tinha uma nuvem de mosquitos no cume e tive que ficar um pouco mais abaixo e nem deu para tirar uma foto com as bandeiras que  os conquistadores haviam deixado no cume, pude ver que uma enorme chuva estava se aproximando e tive que partir mas com a sensação de missão cumprida e muito feliz pois sabia que um dia iria estar ali nem me importava de ter esperado onze anos para isto se tornar realidade por isso digo a todos acreditem em seus sonhos por mais difíceis e impossíveis que pareçam um dia eles se realizam.


     Eu com a criançada de Chochis na entrada da igreja do santuário.


Fui descendo e antes de chegar na P-5 já estava todo ensopado pela chuva desta vez bem mais forte que a última mas não estava nem ai estava feliz e ao mesmo tempo atento pois a descida da via e tão perigosa quanto a subida, ainda mais tendo que rapelar naquele arenito maluco. Armei o primeiro rapel que foi tranquilo deu para descer até a cova e dela fiz mais um até a P-3 outro até a P-2 e no último da P-2 para a base a corda simplesmente agarrou e não soltou por nada como estava com o hall bag pesado nas costas e debaixo de um toro abandonei as duas cordas para trás e meti o pé para o refugio do santuário.

    O interior da igreja do santuário de Chochis.


Quando cheguei  tinha um monte de gente no santuário e todos me olhavam como se fosse um E.T e ficavam me perguntando se tinha subido a torre e quando eu falava que sim os olhos deles brilhavam de desconfiança, e falavam cadê seu parceiro e eu falava que tinha subido sozinho e eles pensavam só podem ser locos estes brasileiros. Sem perder tempo desci novamente para Chochis, debaixo de uma chuva lavando a alma de alegria e olhando para o cume da torre feliz da vida pela escalada incrível que tinha feito.  Abri o face book e tinha varias mensagens positivas e comecei a responder todas e postar as fotos  da escalada e do cume  ainda em êxtase, fui até a casa do Odisverth, para dar lhe a notícia que tinha conseguido chegar no cume hoje e ele, mas como choveu o dia todo e só acreditou quando viu as fotos comprei minha passagem de volta para Quijarro e  voltei para o santuário para descansara pois ainda tinha mais uma missão no dia seguinte  para tirar as cordas que haviam ficado agarradas no último rapel.

    Cachoeiras formadas pela chuva em Chochis.

O domingo amanheceu chovendo muito e quando a chuva deu uma trégua coloquei a cara para fora do refugio e pude ver umas cachoeiras alucinantes que haviam se formado nas paredes que cercam o vilarejo de Chochis, pareciam ter uns 200 ou 250 metros simplesmente lindas dei mais um tempo e comecei a subida mais uma vez para desgarrar as cordas abandonadas no dia anterior, jumareei bem no sapatinho e quando cheguei perto da P-2 pude soltar as cordas que tinha ficado presa com o nó em uma fenda, sentei no platô e agradeci a todos os deuses e santos da região pela escalada e me despedi daquela montanha incrível que certamente irei voltar um dia.


    Eu no santuário de Chochis pegando minha última chuvinha.


Mais uma vez no santuário aproveitei para sacar umas fotos do local com mais calma me despedi de dona Rosa,  e do Odisverth, e agradeci por tudo que eles fizeram por mim porque se não fosse a boa vontade deles eu nunca teria conseguido escalar a torre de Chochis, deixei alguns equipamentos para o Odisverth, para ajudar na construção dos mirantes e peguei uma carona para Chochis, e de lá meu ônibus para Quijarro e vazei para o Brasa.


    Léo se despedindo do santuário e da maravilhosa torre de Chochis na Bolívia - 25/11/2012.

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