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sábado, 1 de junho de 2013

Alienígemas + Diedro Rastafári com Marvio Klem e Leonardo Amorim _ Parque de Frunas - NF.



A parede das vias Alienígenas e Diedro Rastafári no setor das fendas do Parque de Furnas. 
 

Galera!  Escalar é muito bom concordam? Mais escalar com uma lenda internacional é muito melhor e foi o que rolou na última vez que estive em um dos meus points de escaladas preferidos o Parque de Furnas. 
  
Léo na base da via Alienígena com sua renca de equipo e no início da via fazendo um artificial em micro nuts.


Estava eu em casa tomando uma gelada e vendo algumas bobagens no fece book, quando meu tell tocou e uma voz que por mais que eu ficasse mil anos sem ouvir eu jamais esqueceria o dono. E o mesmo falou; Léo? Colé! Marvin! Kkkkkkk Seu filho da P.....  Cara você ta aonde? Eu perguntei já imaginando que ele estivesse no Brasil, e ele falou; To em Macaé, e na mesma hora falei  cara passa aqui em Rio das Ostras que to em casa para tomarmos aquela cerveja  e colocarmos o papo em dia depois de muitos anos o que não faltava era histórias.

Léo trabalhando o início da fenda da Alienígenas.


Sei que a galera da nova geração não teve a oportunidade de escalar com o Marvio Klem, por que ele foi morar os Estados Unidos no início de 2000, mas certamente já ouviram falar dele e com certeza já escalaram alguma via que ele tenha conquistado. Pois Marvin como é conhecido pelos escaladores de Friburgo, foi uma das figuras mais ativas nos anos 90 tendo conquistado mais de 20 vias alem de ter participado da lendária cordada Friburguense que escalou a Crazy Muzzungos na década de 90. Marvin era um cara com um estilo próprio de escalada e muito forte para os padrões da época.  Ficamos amigos acredito eu em 1993 quando estudávamos juntos no antigo IPC e já em 1994 fizemos nossa primeira conquista juntos a via Canabis VI E1 no Parque de Furnas uma das primeiras vias esportivas da época.

Léo na P-1 em móvel da fenda da Alienígenas..
 

Entre cervejas, gargalhadas e muitas lembranças resolvemos armar uma escalada em Friburgo, e o local não poderia ser outro o parque de Furnas, a grande questão era à via que iamos escolher?Como já estávamos a muito tempo sem nos ver resolvemos fazer uma das fendas mais bonitas de Friburgo em uma parede única na cidade a Alienígenas conectando na via Diedro Rastafári. 
 
 
Léo na segunda enfiada da Alienígenas uma das fendas mais bonitas de Nova Friburgo.


Na verdade trata-se da mesma fenda que transcorre da base começando com umas fissurinhas onde só entram micro nuts , vai aumentando de tamanho em uma sequencia arcada numa parede cinza até umas lacas amarelas que parecem estar penduradas de cabeça para baixo conectando em um teto seguido de um diedro branco alucinante e terminando em um segundo teto gigantesco.

Léo trabalhando a fenda em artificial A-2.
 

Mas estamos falando de dois nomes distintos porque a fenda começou a ser conquistada por um grupo de escaladores na década de 90, saindo das micro fissuras da base e indo em direção ao diedro batizando a fenda de Alienígenas e outro grupo em uma tentativa desesperada de chegar no diedro primeiro que o primeiro grupo abriu uma linha reta até o primeiro teto da fenda subindo por uma fenda larga e suja até uma árvore que após sair em livre foi equipando com um enorme artificial fixo A-0 até o teto batizando a via como Diedro Rastafári, obrigando o primeiro grupo a ter que para a via na sua P-2 ou tocar para cima por outra linha.
 
Croqui das vias Alienígenas e Diedro Rastafári feito por Leonardo Amorim.

Fechado nosso destino me despedi de Marvin que segui para o Rio de Janeiro e até quinta-feira o dia da escalada eu não pensava em outra coisa a não ser naquela fenda alucina que até hoje não foi toda escalada em livre ficando difícil graduar to da sua extensão, mas a P-1 e P-2 da Alienígenas ficou como 7˚ (A-2/VIIc) E2 D1 e a via Diedro Rastafáfi em 6˚(A-0/A-2/VIIa) E2 D1 e as lacas da conexão ainda não ouvi relatos de alguem qua tenha mandado elas em livre ficando graduada em A-2 todo o trajeto deve dar aproximadamente 140 m.

Léo chegando na P-2 da Alienígenas. 

 Resolvemos fazer à fenda desde sua base até o primeiro teto “A-2 E2 D2” e o diedro até o segundo teto em livre e quando a então sonhada quinta-feira chegou levantei da cama no sapatinho às 04h30min da madrugada, dei um beijo em minha esposa e comi quente para Friburgo, pois esta em Rio das Ostras.


Marvio Klem na P-1 em móvel e limpando a fenda da Alienígena.
 
 Cheguei na casa de Marvin bem cedo às 06h30min e logo que buzinei ele colocou aquela cara amassada para fora da janela ainda com uma cabeleira de quem tinha acabado de acordar e vazamos em direção ao parque.


Léo já na P-2 da Alienígena recolhendo Marvin.
 
Entramos bem cedo no parque acho que os primeiros e mais uma vez depois de 13 anos enquanto subíamos entre as cavernas e aquelas escadas de madeiras do parque que haviam sido acabadas de serem substituídas por novas e a cada passo que dávamos íamos lembrando de nossas aventuras no início do desenvolvimento da escalada neste pico que acabou tornando-se a principal escola da escalada Friburguense.
 
 
 Marvin mandando um pedaço da fenda em livre.
 

Talvez muitos não Conheçam a história da escalada neste parque que conta com pouco mais de 73 vias que nos oferecem quase todos os estilos de escalada como artificiais (A-0/A-1/A-2/A-3), Fendas de todos os tamanhos, chaminés, tetos, Boulders, tradicional e escaladas esportivas do 4˚ a 10ª grau e sem falar que o parque ainda tem muito a oferecer em termos de novas conquistas.


                                             Léo e Marvin ainda na Alienígenas.

Como só estou escrevendo este artigo algumas semanas depois desta escalada que fiz com o Marvio, não tenho como não citar uma triste estatística que nunca desejaríamos que tivesse saído do zero.

 
 O lance das lacas e Léo iníciando a transição em A-2 da Alienígenas para o Diedro Rastafári.
 
 O Parque de Furnas do Catete começou a ser escalado no início da década de 50 e de lá até 30 de maio de 2013 nunca tínhamos registrado um acidente fatal neste parque com escalador ou ligado a atividade de escalada o que se tem registrado até a presente data foram um acidente com um escalado no pico do charuto onde numa queda uma laca desceu junto com ele quase cortando a corda que ficou literalmente por dois fios de alma impedindo que o jogase de uma altura de 15 m até o chão.
 
 Léo trabalhando as lacas para acessar  o Diedro Rastafári.
 
Um acidente gravíssimo com um escalador no Cão Sentado quando acabou caindo na base da via Os Fantasmas Contra-Atacam após laçar um grampo e tendo que ser resgatado pelos bombeiros sofrendo uma lesão gravíssima na coluna tendo que trocar duas vértebras, e agora o primeiro caso de óbito com um escalador da cidade de Teresópolis, se compararmos com outros esportes radicais veremos que a estetística de acidentes é bem mais baixo.
 
Alto retrato de Marvin na P-2 da Alienígenas e eu trabalhando as lacas.
 

  O escalador de teresópolis num ato de imprudência e má avaliação de risco quando estava escalando com mais nove amigos a via Tradicional do Cão, e quase no cume do Cão Sentado ele estava ancorado no platô do pescoço aguardando a corda para subir o último lance da via, ele simplesmente se desancorou e em solo foi fazer a última rampa que deve dar um II grau, mas muito suja de terra e mato ele escorregou e caiu na base vindo a falecer diante de todos que estavam no local.
 
Léo chegando no primeiro teto do Diedro Rastafári. 
 
 
Forra esta estatística tivemos sim alguns incidentes leves de dia a dia de escalador o que prova que o esporte é totalmente seguro quando feito dentro das regras, normas e equipamentos de segurança.  Nunca esquecendo que a escalada é um esporte radical de risco onde temos tola responsabilidade pelas consequencias de nossos atos e devemos manter a atenção todo estante para não nos metermos em enrascadas e contribuindo paras que esta estatístiva voltem a subir.   
Léo já no primeiro teto do Diedro Rastafári.

 Quanto ao administrador do parque e toda imprensa sensacionalista que falou que a escalada não é recomendada neste local acho que eles deveriam sim se informar muito mais sobre a verdadeira história do parque antes de fazer um comentário ante desportivo e injusto com os escaladores de Nova Friburgo que ralaram muito para que o parque tornase um dos melhores locais para a pratica de escaladas em todo o Brasil.

 
Léo na P-3 em móvel após a transição e Marvin limpando a mesma.
 

  Eles deveriam sim incentivar e organizar a atividade de escalada dentro do parque como já fazem com as atividades que tem na entrada do parque ao redor do lago e principalmente derrubando está barreira entre os escaladores  e a administração do parque aproximando eles para criarmos um plano de manejo sustentável com normas de segurança, prevenção de acidentes, encontros de escaladores, eventos relacionados à escalada, meio ambiente e porque não o primeiro museu de escalada da região serrana do Rio de Janeiro contando a linda história e a trajetória deste esporte que já é praticado em nossa cidade desde o início do século passado, alem de podermos receber melhor e de forma organizada o ecoturista que vem embuscas de aventuras com vizitas guiadas.
 
Léo trabalhando o artificial A-2 do primeiro teto do Diedro Rastafári.
 
Bom! Fica ai minha posição e sugestão para o futuro do paque e da escaladas nesta grande escola que é o parque de furnas. Vamos esperar o futuro para ver como vai ficar ou vamos nos unir para mudarmos este quadro lamentável que esta a escalada no parque de furnas?

Voltando a escalada da Alienígenas com o Diedro Rastafári;
 
Léo no teto do rasta.
 
Depois de boas lembranças durante a caminhada de aproximação até a base da via Alienígena jogamos as mochilas no chão que estavam bem pesadas devido a grande quantidade de ferragens e demos aquele rilex tradicional antes de nos equiparmos e começarmos a escalada tudo estava como planejado tínhamos tempo para nos deliciarmos e trabalharmos aquelas fendas maravilhosas com calma e registrando tudo fazendo um croqui detalhado.


Léo chegando no crux da via na saida do primeiro teto do Diedro Rastafári. 
 
 Rilex dado começamos a nos equipar em meio aos mosquitos infernais que já estamos acostumados a conviver neste parque, um conselho que não deve ser esquecido é de levar algum tipo de repelente por sorte tinha uma echarpe na minha mochila e deu para proteger pelo menos a caleça e logo percebi que estava um luxo só, de tanto equipamento e sem perder mais tempo comecei a trabalha os micro nuts nas primeiras fissurinhas que brotam do chão.  
 
Marvio e Léo reunidos na P-3 do Diedro Rastafáfi e Marvin guiando o início do diedro.
 
A saída da base é bem interessante acho que em livre ela deva dar um VIIa/b, mas saindo em artificial tem que levar uns micro nuts porque os micro friends não ficam bem equalizados e correm o risco de soltarem bem na sua cara, ainda estava lá o píton e um pedaço de corda velha da época da conquista. Já mais para cima a fenda faz uma espécie de diedro curto e comassa a se abrir para as peças maiores e cai para um V em livre até a P-1 que é armada em móvel em um ótimo platô. 
 
Marvin guiando um dos diedros mais bonitos de Friburgo. 
 
Recolhi Marvin que veio rápido e ainda em ótima forma e em fim comecei a trabalha a fenda da Alienígena que estava linda como sempre e com muita teia de aranhas indicando que já tinha tempo que não repetiam está via. Segui guiando a fenda colocando as peças e ao mesmo tempo chicoteando as teias de aranha com o estribo para evitar uma picada de aranha e segui trabalhando a fenda em A-2.
 
 Marvin só no espacato.
 
Exige-se um bom apuramento da técnica de escalada em móvel e força para guiar está escalada, mas como estava bem equiparo consegui guiar esta parte sem grandes problemas até a P-2 que é uma parada fixa dupla que pode ser reforçada ainda com peças moves. Íamos subindo entre uma seção de foto e filmagem entre friends e nuts até que Marvin chegou na parada e mais uma vez com as bandoleiras recarregadas dei início a conexão das duas vias pelas lacas amarelas antes do primeiro teto do Rasta.
 
 Marvio analizando o crux do diedro.
 
Esta parte da fenda é a mais delicada, pois o escalador tem que fazer uma passagem em diagonal para a direita na descendente até a ponta de uma laca e se erguer até colocar um friend no primeiro teto da via Diedro Rastafári fazendo a P-3 em móvel debaixo do teto porque o último grampo do artificial A-0 da via está baixo de mais e em uma posição desconfortável para duas pessoas sendo melhor fazer uma parada curta para recolher o parceiro antes de entrar no teto evitando um atrito e recuperando os moves para esta enfiada que é grande e o crux da via.
 
 
 Marvio chegando no segundo teto do Diedro Rastafári.
 
O Primeiro teto da via é realmente incrível a fenda se abre para o tamanho de peças como 4, 5 e 6 da camalot e na saída dele onde há um bico, que sendo feita em livre foi sugerido um VIIa e ela não para ai no lance seguinte ela abre mais ainda fazendo um arco bem em pé até a P-4 em um grampo no platô da base do enorme diedro branco que é possível ver da estrada que da acesso às furnas a RJ-116 ele é realmente impressionante e chama a atenção mesmo das pessoas que não são escaladores.
 
 Marvio e Léo debaixo do segundo teto na última parada da via P-4.
 
 Já sem quase friends recolhi Marvim que chegou muito empolgado por ter relembrado a época da conquista do Diedro Rastafári ele me contou que guiou este lance, só que na época não tinha os camalots grandes e passou o maior perrengue para conquistar aquela enfiada.
 
 Léo com o livro de cume que ele e Marvin colocaram em 1999 pouco antes de Marvin ir para USA.
 
Ele me pediu para guiar a última enfiada da via o diedro branco que da um VI e é a única parte da via que iríamos fazer em livre devido a ele ser o filé da via e muito bonito com uma fenda média bem 90 graus. Falei que tudo bem e passei os equipamentos para ele e quando a segue estava pronta Marvin segui guiando aquele diedro alucinante que vai em móvel até debaixo do segundo teto que é enorme sendo o crux após o primeiro grampo antes de pegar o segundo grampo do teto já em uma diagonal de agarrinhas antes da P-5 marcando o fim da linha.
 
 Marvin amarradão escrevendo no livro de cume mais uma vez.
 
 Subi logo em seguida rapidamente em livre e quando dei por mim já estava embaixo do teto, pegamos o livro de cume que havíamos colocado ali quando fizemos a primeira repetição da via em 1999 poucos dias antes de Marvin ir morar no exterior e ficamos realmente emocionados ao lembrar-se daquela escalada por incrível que pareça fiquei surpreso com a quantidade de repetições que a via teve depois da instalação do livro e quem ainda não foi conhecer a melhor fenda do parque e talvez a melhor de Friburgo não perca mais tempo, pois esta é uma das escaladas em que aprendemos muito e não esquecemos nunca.
 
 
 As pedras do Edifício a esquerda o Pico do Charuto no meio e a padra do Cão Sentado a direita.
 

Após darmos mais um rilex e admirarmos aquela vista totalmente diferente do parque com as pedras do Edifício, Pico do Charuto e Cão Sentado a nossa frente era hora de armar o rapel e nos despedirmos daquele paraíso de fenda e agradecer a deus por mais esta escalada e pela grande amizade que a escalada nos proporcionou durante todos estes anos e pelo resto de nossas vidas e vamos continuar sonhando com novas conquistas dentro deste esporte que é realmente fantástico. Um grande abraço ao meu amigo Marvio Klem e boas escaladas para todos.
 
 Léo no rapel do rasta.
 
 
 
 

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