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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escalando as agulhas do Frey (Cerro Catedral) Patagônia Argentina.


      Agulhas do Cerro Catedral: em destaque, a Torre Central.

Em janeiro deste ano resolvemos, eu e minha parceira de viagens e esposa Claudia, voltar mais uma vez a Bariloche, na Argentina, para conhecer a região do Cerro Catedral ou Frey como é mais conhecido pelos escaladores, devido ao nome do refúgio que existe na base das agulhas ao lado da Laguna Toncek. 
  Caminhada para o Refúgio Frey com o lago Gutiérrez ao fundo.

O nome Frey é em homenagem ao  Emilio Frey, que também tem seu nome em uma das agulhas mais frequentadas do local.
 
Cacau no bosque da caminhada para o Frey.

               A região fica dentro do parque nacional Nahuel Huapi, que é o primeiro parque nacional da Argentina, onde também fica o famoso Cerro Tronador. Uma vez em Brasiloche o,o,o, desculpem, Bariloche, é recomendável ir até o Clube Andino de Bariloche para comprar o guia da região do Frey que custa 10 pesos Argentinos.
 
                                   Final da caminhada com a vista da agulha Frey.

O guia foi escrito pelo famoso escalador Argentino Rolando Garibotti, e sua última atualização foi em 2010. O mesmo mantém o site http://www.pataclimb.com.ar/ e tanto o guia quanto o site tem ótimas informações sobre a região do Frey e é claro, os croquis.
Cacau chegando na lagoa toncek ao lado do acampamento.
Para encurtar, pode-se dizer que Bariloche tem de tudo o que você precisar: lojas de equipamentos, agências de turismo de aventura, supermercados, casas de câmbio, inúmeros albergues, hotéis, restaurantes dos mais variados e lagos mais muitos lagos, além de suas famosas cafeterias. Não deixem de ir à Rapa Nui, só de lembrar já da água na boca mas....... vamos ao que interessa, as escaladas.

                                    Acampamento ao lado da lagoa Toncek (Frey).

Para se chegar ao Frey, tem que pegar o ônibus Cerro Catedral, tem que ficar ligado nos horários porque de manhã ele passa no ponto da Avenida San Martin e após as 11:00 ele passa no ponto atrás do Clube Andino de Bariloche. O ônibus leva menos de meia hora para chegar ao estacionamento da estação de Ski onde começa a caminhada para o Frey.
Nossa cozinha no frey.

Uma vez no estacionamento, sigam caminhando à esquerda até o final das instalações da estação pela estrada que vai beirando o estacionamento e dali por diante é só guiar-se pelas placas de orientação até o refúgio Frey. 
     Lago Toncek e o Refúgio Frey.

A caminhada é mesmo linda e marcante, não só pelas paisagens mais pelo esforço de se caminhar por mais de 5 horas com 35 kilos nas costas mas faz parte do pacote. Após atravessar pontes, riachos, encostas rochosas, um lindo bosques de alerces e um caminho de pedras chega-se ao refúgio e a Laguna Toncek, onde se pode acampar de graça e desfrutar das lindas agulhas alaranjadas do Cerro Catedral.
                                          Nos dentro do Refúgio Frey.
Logo que cheguei não foi difícil encontrar parceiros para escalar pois a cada ano a região recebe um número maior de escaladores tupiniquim ou brazucas. Já em frente a minha barraca tinham grupos de Mineiros, Paulistas, Gaúchos, e eu representando o  Rio.
   O nosso acampamento visto do Refúgio Frey.

Conheci o escalador José Nunes "Zé", de Andradas, que me apresentou a mais alguns outros escaladores que estavam viajando com ele e outros que estavam acampados. logo consegui armar uma cordada para escalar a agulha Piramidal, nem posso descrever como fiquei feliz e aliviado por conseguir fechar uma cordada.

                                          O Refúgio visto do acampamento.
 Depois de analisarmos o guia decidimos escalar pela via shiva la de Los cuatro Brazos V+ E3 D2. 100 m. Toda em móvel, a via não possui grampos ou chapas para rapel, o que nos obrigaria a subir até o cume e achar a via de rapel ou abandonar equipamentos e rapelar em um bico de pedra.
Agulha Piramidal (Frey) Patagônia Argentina.


A escalada!
Partimos no dia seguinte pela manhã em uma caravana. Eram três cordadas que iriam tentar a montanha duas pela shiva e uma por outra via. Contornamos o lago Toncek, em direção a agulha Piramidal, e fiquei literalmente viajando logo no começo com a quantidade de agulhas que tem no Cerro Catedral, uma mais linda que a outra em destaque a agulha M2, Central, El Abuelo, La Lechuza e muitas outras.

     Agulhas M2 e El Abuelo em destaque.

Continuamos subindo pelo caminho de pedras até a base da agulha Piramidal, que levou uma hora e meia de caminhada, a maioria das escaladas no Frey exige uma aproximação.

                                          A Piramidal vista da caminhada de aproximação.

Fechei uma cordada com Rafael, Zé e o Argentino Marcelo. Comecei guiando a via por um sistema de fendas com ótimas colocações em um 5˚ bem tranquilo, mas o nosso maior inimigo não era a via e sim o tempo, que a cada hora ficava pior.

     Léo guiando o início da shiva la de Los cuatro Brazos V+.

 Eu não podia acreditar só tinha dois dias para escala e um já estava indo por água abaixo literalmente. Rafael guiou a segunda enfiada da via, muito bonita inclusive, uma fenda bem em pé e quando eu comecei a guiar a terceira enfiada, surgiu um lindo diedro, veio a chuva de granizo e começou a molhar toda a rocha e a acumular granizo nas fendas.

 
    Rafael Reis na segunda enfiada.


 Ficamos numa indecisão só. O que fazer? Abandonar uma fita num bico de pedra e rapelar ou esperar o gelo derreter e a rocha secar? Estava ficando cada vez mais frio e meus parceiros desanimados.
Léo guiando o diedro da shiva.

Com medo dos meus parceiros desistirem da escalada e eu perder um dia de Climbing, comecei guiando o diedro ainda molhado e quando cheguei no final onde havia um crux e ia começar um lance em agarras saindo do diedro,  novamente veio uma chuva e com ela o granizo.
      O  granizo já derretendo na base do diedro.

Juro que fiquei sem saber o que fazer, colocar uma fita num bico e limpar o diedro e ir embora. Esperar e ver se o tempo melhora!  Por incrível que pareça meus companheiros também não estavam nem um pouco afim de dar meia volta e rapelar num bico de pedra.

    Rafael na saída do diedro.

Deixei o diedro equipado desci até a reunião para me abrigar e esperar que o tempo mudasse tão  rapidamente e loucamente.  Após quase uma hora de espera e indecisão o tempo simplesmente abriu e ficou azul. Vai entender!
    Rafael na quarta parada com Zé na saída do diedro.
Rafael subiu guiando desta vez .O lance na saída do diedro ainda estava bem úmido mas ele conseguiu passar e logo em seguida  Zé foi atrás dele e logo estávamos na quarta parada. Assim que cheguei na parada peguei os equipamentos e sai em disparada para o cume. Restava apenas mais uma enfiada e aquela altura não tinha mais volta.

     Léo guiando a última enfiada da Piramidal.
Fui guiando por um sistema de fendas e diedros até que avistei a via de rapel. Fiquei mais tranquilo e mais alguns lances e já estava no cume.

Leo no cume da agulha Piramidal.

Quando cheguei naquele pequeno cume da agulha Piramidal foram duas sensações uma de felicidade por estar fazendo meu primeiro cume na patagônia e a segunda de desânimo por poder ver a enorme tempestade que estava a menos de 10 minutos.
                                                                      Vista do cume da agulha Piramidal.

Fiquei ali chamando meus parceiros para andarem o mais rápido que podiam porque onde eles estavam não dava pra ver o que nos esperava. Assim que Rafael chegou na via de rapel desci do cume, Zé já estava chegando quando novamente começou a chover e desta vez mais forte.
Rafael, Marcelo e Zé no início do rapel.

 Quando o Marcelo chegou tiramos umas fotos comemos rapidamente e começamos imediatamente o rapel. Tudo ia bem rapidamente a chuva passou e quando eu estava achando que era só alegria no penúltimo rapel a corda simplesmente agarrou após puxarmos.
                                                                       Rapel da agulha Piramidal.
Ficamos dando uns estanques na corda e quando estávamos discutindo quem ia subir pra desenroscar a corda eu e Marcelo nos penduramos na corda e aquela sensação de alivio a corda começou a correr e pouco a pouco ela foi soltando.
     O lagoa Toncek com a agulha Frey a direita.

Assim que cheguei no chão pude perceber o quanto é que são comprometedoras as escaladas na patagônia. Já no dia seguinte escalamos a agulha El Abuelo, esta escalada sem dúvida foi bem mais tranqüila apesar da via ser mais difícil. Escolhemos escalar a rota Naca Naca Mucho Mucho 5˚+  E2 D2.  
 Leo limpando a via Naca Naca Mucho Mucho 5˚+ na El Abuelo.

Via alucinante em um sistema de fendas que na sua útima enfiada tem um diedro alucinante. Por sorte este dia estava lindo. Desta vez foram duas cordadas. Numa delas estava eu, Zé, e o Argentino Marcelo, chegamos no cume sem maiores problemas com menos de duas horas de escalada e foi só visual.
Penultima enfiada da via.
    
             Dava pra ver a Campanile Esloveno uma das mais bonitas do local a agulha M2 que estava bem abaixo de onde estávamos e a agulha CAC que é alucinante. Também desta vez o rapel foi bem tranqüilo. 
 

Léo no cume da Agulha El Abuelo e os três reunidos no cume.


Após estes três dias de pura aventura era hora de voltar para Buenos Aires, e em seguida para o navio DPI que me aguardava para mais um embarque. Que depressão sair de um pico alucinante para um navio no meio do oceano onde a maior montanha era a torre de perfuração. 

A agulha M2 no fundo após terminar o rapel.







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