Abertura de montanhismo de Petrópolis 2012 e
Escalada na Pedra do Elefante
Palácio de Cristal (local da
abertura de montanhismo de Petrópolis) e Banner comemorativo dos 100 anos da
conquista do Dedo de Deus em 1912.
Neste último final de semana,
dias 14 e 15 de abril, aconteceu em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro,
mais uma abertura de montanhismo da cidade imperial. O evento que aconteceu no
famoso Palácio de Cristal, que foi um presente do Conde d’Eu em 1884, para a
Princesa Isabel. O evento contou com a presença do CEP, Centro Excursionista
Petropolitano, Escoteiros, Bombeiros entre outras entidades ligadas ao
montanhismo na cidade.
Foto da expedição de Teixeira em 1912.
Apesar do evento contar com muro de escalada e slekline, não havia muitos montanhistas no evento pelo menos no horário que estávamos lá. Mas o que achei mais interessante foi a exposição de fotos e objetos da conquista centenária do Dedo de Deus com1692 metros na Serra
dos Órgãos, em Teresópolis.
O caçador e guia do grupo, Raul Carneiro, Chamou os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro, natural de Pernambuco, Jose Teixeira Guimarães, que também fez os primeiros grampos do brasil, para tentar escalar a montanha, que uma expedição alemã, desistiu da escalada e disse ser impossível. Os brasileiros conseguiram chegar no topo e se tornarem os primeiros a pisar no cume de uma das montanhas mais belas do mundo em 1912.
Foto da expedição de Teixeira em 1912.
Apesar do evento contar com muro de escalada e slekline, não havia muitos montanhistas no evento pelo menos no horário que estávamos lá. Mas o que achei mais interessante foi a exposição de fotos e objetos da conquista centenária do Dedo de Deus com
Quadros contando as histórias das cinco missas que foram rezadas no cume do Dedo de Deus.
A famosa escada que dava acesso ao cume do Dedo de Deus que tive o prazer de usar em 1994.
O feito de cem anos atrás está
sendo considerado o marco inicial do montanhismo moderno no Brasil. Com tamanha
importância, será realizado nos dias 23 de abril a 1 maio no Rio de Janeiro, no
bairro da Urca, a primeira semana do montanhismo no Brasil e o evento comemorará
o centenário da escalada do Dedo de Deus.
Léo e a galera de friba no Dedo de Deus em 1994, com a escada original e em 2007 com a escada nova.
Foto: Fábio Nunes.
Foto: Fábio Nunes.
Fiquei empolgado em rever a antiga escada que
havia no final da via Teixeira, que ficava apoiada em um totem de pedra e
fixada com grampos antigos para facilitar o acesso ao cume do Dedo de Deus,
assim estava quando subi o Dedo e a vi pela primeira vez em 1994.
Pedra do Elefante vista frontal.
Após visitarmos a abertura de
montanhismo partimos para Itaipava, para escalarmos a Pedra do Elefante, em
Taquaril, local onde encontra-se este enorme monolito de pedra e o Abrigo do
Elefante, que fica na base da montanha. O refúgio que é administrado pelo casal
de escaladores Ralf Côrtes e Ana Alvarenga, é bem aconchegante e conta com 12
camas para acomodar os escaladores, banheiro e cozinha. Mais informações em: www.abrigodoelefante.com.
Setor das vias esportivas e
eu escalando a primeira parte da Urutu
VIIb.
Logo que
cheguei fui recepcionado pelo Ralf e o Zé de Três Picos que estavam a minha
espera, após me acomodar e arrumar a mochila o mais rápido que consegui partimos para aproveitarmos o final de tarde no setor da
Grotinha, onde ficam algumas vias esportivas mas a pedra conta com mais 3
setores com vias esportivas e um com vias tradicionais com mais de 300 metros e paredes
grandes com 550 m
com um dia inteiro de escalada. Subimos bem rápido para podermos aproveitar os
últimos raios de sol e logo que chegamos na base fomos logo nos equipando e
comecei guiando a primeira parte da via Urutu VIIb. A via transcorre através de
um veio de pedra e conforme vai ganhando altura a parede vai ficando cada vez
mais vertical. Consegui guiar a primeira
enfiada até a parada dupla e em seguida dei segue para Zé limpar a via.
Léo na Laca da primeira
enfiada da via Quebra-Cabeça 6ºsup
VIIa E3 D1.
Ralf já havia descido e como queríamos aproveitar ao máximo, entramos já na penumbra no setor Teto, onde há 6 vias. Escolhemos escalar a primeira enfiada da Quebra-Cabeça( 6ºsup VIIa E3 D1) NÃO COLOCAR MÓVEL NENHUM NA PRIMEIRA LACA. Descermos, a noite, a trilha de volta para o
conforto do abrigo. Chegando lá foi só rangar, trocar uma idéia, se alongar
para dormir e descansar para tentar no dia seguinte a Ni’um Homizin (3° Vsup D3 E3).Para escalar esta via é
necessário 10 costuras, 4 mosquetões avulso, friends Cams-1,2,3 e 4(opcional). e uma
corda de 60 m .
Croqui
da Ni’ um Homizin - 3° Vsup D3 E3.
A via foi conquistada integralmente
por uma cordada feminina Ana Alvarenga, Helena Fagundes, Mariana Pardal,
Natália Caldas e Patrícia Duffles em 21-04-2007. As meninas de Petrópolis estão mandando muito
bem e a via não é dada tendo enfiadas bastante longas que é bom não cair.
Cacau se
alongando no fingr do Abrigo do Elefante.
Acordamos bem cedo e logo estávamos
tomando café quando Ralf chegou e começamos a caminhada até a base da ni’um homizin, que fica a 30 minutos de
caminhada do Abrigo, no setor D. Durante estas aproximações, deve-se
respeitar as placas de orientações, os totens, as regras e a ética do local,
porque a base da pedra é área particular e existem várias propriedades ao redor,
por isso não abram novas trilhas, não joguem lixo nas trilhas e bases de vias e
usem sempre os banheiros químicos que existem no meio da trilha evitando poluir
as nascentes existentes na base da montanha.
Não poderia ter sido melhor,
Ralf nos guiou até a base e durante todo trajeto ele nos mostrou os setores de
escaladas, as vias já existentes, os projetos e o potencial da pedra do
Elefante.Chegamos na base da via que começa com uma bela fenda larga de boa
pega que Zé guiou protegendo em móvel
com os camalots 1,2,3 e 4.
Zé guiando a fenda do início da ni’um homizin.
.
Após Zé guiar a primeira enfiada
assumi a ponta da cordada e guiei o restante da via que vai seguindo em lances
de aderência com agarras com uma inclinação entre 80° a 85°. A via que tem cerca de 380 m de extensão conta com 9
enfiadas longas e é bom ter um croqui na manga para não perder tempo.
Zé na quarta enfiada da via.
Após passarmos os lances mais
inclinados da via com lances de Vsup, começamos a subir as últimas rampas e os
trepa matos e após passarmos mais um lance de Vsup chegamos a última parada dupla
marcando o final da escalada que durou cerca de 3 horas. Assim que nos
hidratamos e tiramos umas fotos fomos logo procurando a via de rapel.
Léo em um dos cruxs da via.
Seguindo as orientações do Ralf,
e como não levamos duas cordas de 60
m tivemos que seguir caminhando pela direita e logo
avistamos um grampo na borda de uma fenda e mais acima no mato o grampo de
rapel da via Dumbo, que usamos para rapelar.
Eu e Zé no final da ni’um homizin com o pico da Maria
Comprida ao fundo.
O rapel com uma corda foi um pouco demorado e muito picado cerca de uma hora e meia quando chegamos na base mais 30 minutos de caminhada e estávamos de volta ao Abrigo do Elefante e de lá após umas cervejinhas, partimos para Friburgo.
Léo, Zé e Ralf no Abrigo.
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